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POLÍCIA FAZ OPERAÇÃO CONTRA MÁFIA DO REEMBOLSO SUSPEITA DE CRIAR ‘LINHA DE PRODUÇÃO’ DE EXAMES EM SP
A Polícia Civil de São Paulo deflagrou na última quarta-feira (8/11)
uma megaoperação com o objetivo de apurar um esquema que envolve empresas suspeitas
de atuarem em uma espécie de linha de produção de reembolsos médicos. Em apenas
um dos casos apurados, cada funcionário chegava a fazer uma média superior a
cem pedidos de reembolso por mês.
A operação foi batizada como Esculápio, em menção a um deus
relacionado à área da medicina.
Em uma das empresas investigadas, foi descoberto que em apenas
cinco meses, os funcionários realizaram 2.383 solicitações de reembolso de
procedimentos a sete operadoras. As notas fiscais totalizaram R$ 5,4 milhões,
originando R$ 1,7 milhão em reembolsos.
A polícia suspeita que a empresa investigada nunca tenha
funcionado de maneira real, sendo apenas fachada para o negócio ilegal. Um
indício disso é que o homem que consta como proprietário formal fez um boletim
de ocorrência dizendo não ter qualquer ligação com ela. O caso chamou a atenção
dos planos de saúde devido à contratação de diversos planos para as mesmas
pessoas, além da realização de grande quantidade de procedimentos em um curto
espaço de tempo.
A investigação policial constatou que os funcionários da
suspeita de ser empresa de fachada teriam ido aos mesmos laboratórios e
médicos. Além disso, escolhiam os mesmos dias para fazer os procedimentos, em
uma rotina exaustiva de exames.
Em 17 de maio, por exemplo, os 14 beneficiários foram atendidos
pelo mesmo médico e pediram reembolso por cinco planos diferentes. Dois dias
depois, em 21 de maio de 2022, nove beneficiários realizaram exames no mesmo
laboratório, formulando pedidos de reembolso a cinco operadoras diferentes.
Como um mesmo procedimento originava reembolsos de mais de um
plano de saúde, a prática pode configurar enriquecimento ilícito.
Outra questão apurada foi de que os funcionários das empresas
tinham salários incompatíveis com o valor das despesas realizadas e que as
mesmas notas fiscais eram utilizadas perante várias operadoras. Catorze
beneficiários da empresa fizeram 8.260 procedimentos em sete operadoras entre
maio e setembro de 2022, sendo 72% no mês de maio. Isso dá uma média mensal de
590 procedimentos por beneficiário, ou quatro por dia.
O Ministério Público determinou a abertura de inquéritos em
distritos policiais para apurar crimes de estelionato e falsidade ideológica.
No ano passado, a Folha de S.Paulo revelou que a Fenasaúde
apresentou ao Ministério Público de São Paulo uma notícia-crime sobre uma rede
de empresas de fachada criada com o intuito de fazer pedidos de reembolsos
fraudulentos em larga escala contra operadoras, que somaram cerca de R$ 40
milhões.
As empresas decretaram uma guerra contra fraudes, que incluem
práticas como a emissão de pedidos de procedimentos ou notas de serviços não
prestados para gerar reembolsos dos planos. Estimativas apontam que os
prejuízos já somam R$ 7 bilhões em dois anos.
Fonte: CQCs
Data da publicação:
10/11/2023